A trama golpista revelada pelas investigações da Polícia Federal (PF), no qual militares do alto escalão, ministros e o ex-presidente da república, Jair Bolsonaro, planejavam matar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes, é mais do que estarrecedora. Ela revela que os quartéis ainda não conhecem o seu lugar na democracia.
As investigações mostraram que o plano, que contou até com agentes infiltrados na segurança de Lula, só não foi levado adiante por incompetência e/ou covardia de seus mentores. Não fosse pela falta de capacidade ou de coragem, o Brasil poderia estar mergulhado em uma instabilidade política sem precedentes ou mesmo em uma ditadura militar.
Ao que tudo indica, os militares brasileiros ainda se consideram “tutores” da democracia, podendo suspendê-la quando acharem conveniente. Esse pensamento não é novo e vem desde a Proclamação da República, que foi feita através de um golpe de estado orquestrado e executado por marechais.
Em vários outros momentos da história recente do nosso país é possível perceber as Forças Armadas tramando e atacando as liberdades do povo. O Golpe de 1964 e a posterior ditadura que durou 21 anos é o maior exemplo dessa sanha antidemocrática, mas não é o único.
Naquele momento da nossa trajetória, quando o regime de exceção começou a arrefecer, poderíamos ter dado um basta nisso, punindo exemplarmente os envolvidos nas mortes, torturas, desaparecimentos e todo o tipo de arbítrio contra os brasileiros. Entretanto, o caminho escolhido na época foi o da Anistia Geral.
Esse caminho, apesar de preservar a vida e a integridade física de quem ousou discordar do regime, trouxe um revés. Anistiou também os torturadores, assassinos e seus mandantes. Mais do que isso, deu a eles a certeza da impunidade e a impressão de que são, de alguma forma, fiadores do nosso destino.
E foi justamente essa impressão que nos coloca onde estamos hoje. Tramas golpistas, benefícios que brasileiro nenhum sonha em ter, a recusa de reconhecer crimes hediondos e o apagamento da história. No fundo de tudo isso, a certeza da impunidade e da manutenção de seus privilégios.
Se existe algo de bom nessas recentes revelações, é que temos nas mãos uma nova oportunidade de corrigir essa trajetória. Tirar de vez o golpismo da caserna e mostrar às Forças Armadas que fardas são uniformes e que militar existe para servir o povo, e não o contrário.
Ou a sociedade brasileira enterra definitivamente essa sanha golpista, ou eles continuarão tentando tomar o poder. E um dia pode ser que consigam.
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Fonte: ADUFG Sindicato