PROIFES-Federação discute conjunturas políticas e realidade da educação superior brasileira durante XIII Conferência Regional da IEAL
Nesta segunda-feira (08), segundo dia da XIII Conferência Regional da Internacional da Educação para a América Latina (IEAL), aconteceu uma série de análises das conjunturas políticas e das realidades dos sistemas educacionais em cada um dos países que compõem a IEAL. Representando o PROIFES, a professora Ana Boff de Godoy, diretora de Relações Internacionais e Assuntos Sindicais da Federação, expôs a realidade da educação superior federal brasileira com ênfase na influência da extrema direita e neoliberalismo na educação e na carreira dos docentes. “O Brasil conseguiu se livrar de Bolsonaro, mas não nos livramos da extrema direita e do neoliberalismo. É importante ter presente que para que Lula voltasse ao governo foi feita uma frente ampla com setores neoliberais. Um deles foi exatamente o da Educação. Hoje, temos um ministro da educação que representa grupos de comércio educativo, sobretudo da Fundação Lemann, que tem controle quase total do ministério da Educação. É fundamental, então, que tenhamos consciência de que a educação pública brasileira está sequestrada por interesses mercantis”, destacou Ana Godoy. Do ponto de vista da educação superior, Ana apresentou que, no Brasil, há 2.608 instituições de educação superior, sendo que 2.306 são privadas e somente 302 são públicas. Em números de matrículas, temos cerca de 8 milhões e seiscentas mil matrículas no ensino superior, sendo pouco mais de 6 milhões e meio de matrículas nas instituições privadas, que contam cada vez mais com financiamentos, inclusive do poder público. “Essas instituições estão cada vez mais atrativas, pois além das bolsas e financiamento, os preços dos cursos estão cada vez mais baixos e podem ser concluídos cada vez mais rápido, sendo que a maior parte dessas instituições oferece o ensino à distância, inclusive para cursos como o de Educação Física. Apesar disso, as universidades públicas são as que figuram nos rankings de excelência de qualidade e são e são responsáveis por mais de 95% das pesquisas científicas em nosso país. É importante esclarecer que, no Brasil, as universidades públicas são também gratuitas”, afirmou Ana Godoy. No que diz respeito à carreira dos docentes do ensino superior, a Diretora destacou que “ para se chegar à docência nesse nível é preciso fazer concurso público e ter, além do Mestrado, Doutorado. Mas nosso salário é um dos mais baixos do serviço público. Recebemos, no fim de carreira, um salário equivalente ao salário de início da carreira de um assistente jurídico, ou seja 3.500 a 4.000 dólares mensais. Isso, no final da carreira, depois de 30 ou 35 anos de dedicação à educação pública superior, à pesquisa, à extensão, à administração das universidades e à pós-graduação”. Ana Godoy ressaltou ainda que no Brasil os docentes, sobretudo os pesquisadores, estão buscando lugares melhores para trabalhar, porque além dos salários baixos, a profissão não é respeitada. “O que já foi motivo de orgulho e símbolo de status, hoje é de vergonha. O Brasil é o primeiro país no ranking de violência contra professores. Temos um aumento progressivo de licenças-saúde no ensino superior, com professores e professoras cada vez mais doentes tanto física quanto psicologicamente. Nos últimos 6 anos, tivemos uma diminuição de 76% na procura de cursos de licenciatura, responsáveis por formar novos professores. De maneira que se o governo Lula não olhar para a Educação com coragem suficiente para enfrentar as próprias alianças que fez para poder se eleger, a educação superior estará fadada ao fim, pelo simples fato de que não haverá mais docentes e servidores técnicos nas universidades”, finalizou. Durante todo o dia foi apresentado ainda um panorama da situação da educação na Finlândia e nos Estados Unidos com uma discussão sobre as tendências regionais do comércio em educação na América Latina. Além disso, Gabriela Bonilla, pesquisadora do Observatório Latino-americano de Políticas Educativas (OLPEN), apresentou o documento da IEAL do Observatório Latino-Americano de Políticas Educativas, o qual elenca e analisa as cinco reformas permanentes do neoliberalismo para desmantelar o sistema educativo e as condições de trabalho da educação. A pesquisadora lembrou que América Latina é campo propício para o comércio da educação, visto que tendemos a acreditar que não é um problema pagar pela educação, uma vez que teremos um retorno futuro. Isso facilita o avanço da filantropia evangélica e neoliberal, a exploração/comércio da fé em aliança com interesses econômicos e grupos políticos que já estão há quarenta anos deslegitimando trabalhadoras e trabalhadores da educação.
Adufepe sedia Conferência Livre sobre Incentivo à Produção Científica nas Universidades e Institutos Federais
Nos próximos dias 11 e 12 de abril, a Associação dos Docentes da Universidade Federal de Pernambuco (Adufepe) sediará a Conferência Livre: Incentivo à Produção Científica nas Universidades e Institutos Federais. A iniciativa é uma parceria com o PROIFES-Federação e tem por objetivo construir propostas a serem levadas para a 5ª Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia que norteará a política de Ciência e Tecnologia para os próximos 10 anos. O evento acontecerá de forma híbrida no auditório Professor Paulo Rosas, na sede da associação, e virtualmente pelos canais de transmissão da Adufepe e do PROIFES. O evento tem como objetivo discutir e propor soluções inovadoras nas áreas de financiamento e fomento à pesquisa científica e os impactos no marco legal de Ciência, Tecnologia e Inovação (para instituições científicas e de inovação tecnológica) e perspectivas de novos instrumentos no âmbito do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação. Clique aqui e inscreva-se! “A conferência é de extrema importância para todos nós que fazemos a Adufepe e para a comunidade da UFPE em geral porque ela consolida a nossa relação com o desenvolvimento tecnológico e científico que está sendo proposto no Brasil atualmente. Por isso, a Adufepe em parceria com o Proifes, vai realizar essa ação de contribuir com propostas para a ciência e tecnologia fundamentais para o Brasil e em Pernambuco”, ressalta a presidenta da Adufepe, Teresa Lopes. Para o Diretor de Ciência e Tecnologia do PROIFES-Federação, Ênio Pontes, a Conferência Livre representa um marco importante na preparação da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação. “Quando se reúne as autoridades, representantes do governo, pesquisadores e demais interessados, a Conferência promove a troca de conhecimentos, experiências, propostas e isso pode impactar diretamente as políticas de financiamento e fomento à pesquisa científica e, assim, também o desenvolvimento das instituições científicas de inovação tecnológica. A participação da Adufepe e PROIFES na organização da conferência torna-se relevante, uma vez que essas entidades representam os docentes das IFES e têm um papel fundamental e significativo na defesa dos interesses da comunidade acadêmica”, avalia o professor Ênio. O debate terá participação de autoridades, representantes do governo e pesquisadores e discutirá estratégias para incentivar e fortalecer a produção científica nas universidades federais, promovendo o avanço da produção científica e tecnológica e seus impactos na sociedade. A programação será norteada pelos eixos estruturantes da Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (ENCTI), nas seguintes diretrizes:• III – Ciência, tecnologia e inovação para programas e projetos estratégicosnacionais; e• IV – Ciência, tecnologia e inovação para o desenvolvimento social. Confira aqui a programação completa Os resultados provenientes das discussões e propostas levantadas durante a conferência livre serão encaminhadas para compor a base da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, que ocorrerá em Brasília nos dias 4, 5 e 6 de junho de 2024. Assim, as ideias compartilhadas durante o evento irão contribuir diretamente na construção das políticas estratégicas que serão adotadas em nível nacional para promover o avanço tecnológico e desenvolvimento para todo o país.
PROIFES-Federação participa da XII Conferência Regional da Internacional da Educação para a América Latina
Teve início neste domingo (07) em San Jose, na Costa Rica, a XIII Conferência Regional da Internacional da Educação para a América Latina. O PROIFES-Federação, única entidade da Educação Superior brasileira filiada à Internacional da Educação América Latina (IEAL), está presente no evento, representado pelo vice-presidente Flávio Silva e pela Diretora de Relações Internacionais e Assuntos Sindicais, Ana Godoy. Durante a abertura, David Edwards, Secretário Geral da Internacional da Educação (IE) destacou o fato da IE ser a única instituição de educação internacional a se fazer presente na Palestina e a contribuir financeiramente para mitigar a dor das crianças palestinas, que se encontram, em sua totalidade, sem acesso à escola e em situação de alta vulnerabilidade social e alimentar. Lembrou que, apesar de a grande maioria dos Estados alegar não ter dinheiro para a educação, sempre há dinheiro para a guerra. “Os Estados não estão cumprindo o seu papel frente à educação pública, mas possibilitam às multinacionais não pagarem impostos para os países que exploram”, reiterou. O Secretário apontou como ponto positivo, o fato do Grupo de Alto Nível sobre a Profissão Docente ter sido convocado pelo Secretário Geral das Nações Unidas, António Guterres, frente à crescente e preocupante escassez mundial de docentes. A IE membro desse grupo por meio de sua presidenta, Susan Hopgood, apresentou à ONU suas demandas, as quais foram acolhidas e traduzidas em um documento de Recomendações da ONU para a profissão docente. Esse documento pode ser conferido na íntegra aqui: https://www.ei-ie.org/es/item/28334:united-nations-secretary-generals-high-level-panel-on-the-teaching-profession-recommendations-and-summary-of-deliberations O Presidente da IEAL Hugo Yasky, por sua vez, deu destaque à presença das mulheres na militância sindical, sobretudo a partir da RED de Mulheres Trabalhadoras da Educação, que tem tido papel fundamental no fortalecimento e expansão da IEAL, bem como na própria defesa da educação pública.Destacou também um novo e complicado elemento na militância sindical (e das forças progressistas em geral), que são as redes. “A extrema direita tira total proveito dessas ferramentas, mas nós ainda não aprendemos a usá-las”, ponderou, utilizando como exemplo recente a eleição de Javier Milei, na Argentina. A segunda parte da manhã foi dedicada à análise de conjuntura, tendo como palestrante o professor Carlos Cascante, da escola de Relações Internacionais da Universidad Nacional de Costa Rica.. “Eu sou produto da escola pública; e, mais precisamente, um produto da escola pública rural deste país”. Foi assim que Cascante abriu sua fala, onde versou sobre a importância da América Central na conjuntura global e a geopolítica da/na América Central. Abordou a disputa entre dois gigantes, Estados Unidos e China, apontando prós e contras da presença massiva desses dois países na estrutura econômica sobre os países centro americanos, além de analisar os padrões de conduta desses países em relação aos gigantes. Durante a tarde aconteceu a eleição da nova presidência da IEAL. Em um primeiro momento, foi lida a declaração da eleição da presidência e vice-presidência da IEAL para o período 2024-2028 pela comissão eleitoral, presidida por Eduardo Pereira, da CNTE-Argentina, tendo o vice-presidente do PROIFES, Flávio Silva, como integrante da comissão. Para presidir a IEAL, foi eleita Sonia Alesso (CTERA/Argentina), que contou com 16 apoios, incluindo do PROIFES. Como vice-presidente da sub-região Cone Sul, foi eleito Roberto Leão (CNTE/Brasil), com 8 apoios, incluindo o do PROIFES. Como vice-presidenta da sub-região Centroamérica e República Dominicana, foi eleita Yorgina Alvarado Diaz (SEC/Costa Rica), com 8 apoios. Como vice-presidenta da sub-região Andina, foi eleita Isabel Olaya (FECODE/Colombia), com 5 apoios. “O PROIFES se orgulha em fazer parte da IE e IEAL, sempre atuando em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade. Estamos presentes da Conferência reafirmando esse importante compromisso”, afirmou o vice-presidente Flávio Silva. “Durante a Conferência iremos apresentar a realidade da educação superior brasileira, discutindo a influência da extrema direita na educação, a luta contra a privatização e a situação dos docentes, um panorama importante dentro da articulação política para que o PROIFES-Federação ganhe ainda mais força na defesa de uma educação superior de qualidade e com valorização dos docentes”, afirmou a Diretora de Relações internacionais e Assuntos Sindicais, Ana Godoy.