A Ciência tem impacto direto no desenvolvimento de uma sociedade, como evidenciam os diálogos da manhã desta quinta-feira (11), durante a abertura da Conferência Livre promovida pela Adufepe nos dias 11 e 12 de abril, como evento preparatório para a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCT&l) que norteará as discussões sobre o futuro do país nesta área.
Mediada pelo diretor de Ciência e Tecnologia do PROIFES-Federação, Ênio Pontes de Deus, a mesa de abertura foi composta pela presidenta da Adufepe, Teresa Lopes, pelo presidente da Regional SBPC-PE, José Thadeu Pinheiro, pelo presidente da Associação dos Pós-graduandos (APG), João Marcelo; pelo vice-presidente da UNE-PE, Everton Simão; e pelo assessor especial do Ministério da Ciência, Tecnologia & Inovação (MCTI), Gustavo de Melo Braga, que representou a ministra Luciana Santos.
“Temos aqui hoje experiências diferenciadas de como fazer ciência e visões que se complementam para formar um importante panorama das legislações e vivências relacionadas ao sistema científico. Educação, ciência, tecnologia e inovação são âmbitos indissociáveis, pois fazer tecnologia e inovação requer um sistema educacional de ponta. Por outro lado, nunca é demais lembrar que quase a totalidade da produção científica nacional é feita nas universidades”, declarou Ênio Pontes.
Além dos programas estratégicos de inovação e investimentos, o representante do ministério, por sua vez, elencou as principais ações realizadas na área pelo atual governo entre elas: a correção de bolsas de ensino e pesquisa, lançamento de editais, concursos, recomposição e execução dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – FNDCT. Ele afirma que a ciência está voltando a assumir seu espaço a partir de premissas fundamentais. “Se conseguirmos, sem retrocessos, logo teremos uma estabilidade nesse processo. Esses avanços podem se consolidar e ao final de quatro ou oito anos teremos um novo parque tecnológico no Brasil com mais cérebros, desenvolvimento e conexão entre a ciência, indústria e a vida das pessoas”, prevê George Gustavo de Melo Braga.
A conferência especial de abertura foi proferida pelo ex-ministro de CT&l e professor da UFPE Sergio Rezende. Na palestra intitulada “A saga da ciência brasileira. Sem ciência e educação, não há desenvolvimento”, ele trouxe um panorama sobre os avanços da CT&I no Brasil nas últimas décadas no âmbito político, educacional e legislativo. Rezende é Secretário Geral da 5ª CNCT&l e abriu sua fala mostrando a relação das oito economias mais ricas do mundo, detentoras dos maiores PIBs, com o número de publicações científicas, evidenciado que o investimento em CT&I é o motor da prosperidade. “Não por acaso, os países mais ricos têm mais tradição em produção científica. Ciência é conhecimento, fundamental para tecnologia que é aplicação da ciência que gera riqueza”, reiterou Rezende.
Mesa 1
O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) são exemplos de Instituições Científicas e de Inovação Tecnológica (ICTs) que têm como missão executar atividades de pesquisa básica ou aplicada de caráter científico ou tecnológico.
A primeira mesa temática da conferência discutiu: “Financiamento e fomento à pesquisa científica – panorama internacional e nas ICTs do Brasil”. Sob a mediação da presidenta Teresa Lopes, teve a participação de Fernanda De Negri, diretora de Estudos Setoriais do Ipea e Paulo Foina, presidente da Associação Brasileira de Instituições de Pesquisa Tecnológica e Inovação.
A partir de dados de outras economias mundiais, Negri compartilhou sugestões para melhorar os incentivos para pesquisa e desenvolvimento no Brasil. “A maior parte do investimento em pesquisa ao redor do mundo é feita com financiamento público, mas a pesquisa de ponta não cabe mais, apenas, na universidade”, avaliou a pesquisadora autora do livro “Novos caminhos para a inovação no Brasil”.
Ao citar instituições voltadas para desenvolvimento de pesquisa em áreas determinadas no cenário internacional, ela pontua que tais instituições têm, entre outras características, gestão e governança independentes que lhes conferem autonomia.
“Essas instituições têm uma escala muito grande. No Brasil fizemos estudo sobre instituições de pesquisa e tecnologia e, de modo geral, temos os laboratórios brasileiros ainda pequenos, situados dentro dos departamentos das universidades, com poucos pesquisadores. Precisamos dar escala à ciência brasileira. Não adianta só distribuir os recursos do nosso orçamento, mas é preciso dar escala e objetividade com estratégias claras do que queremos com esse financiamento. As conferências são importantes para fazer isso”, reforça.
Voltado para o cenário científico local, Foina discorreu sobre a importância da pesquisa tecnológica no Brasil a partir de políticas de inovação e sobre fontes de financiamento da pesquisa tecnológica nos institutos brasileiros.
Ele, que tem experiência profissional e docente na área de Ciência da Computação e desenvolve estudos e pesquisa em Gestão de Tecnologia e Inovação, em suas considerações afirmou a necessidade de uma política de desenvolvimento socioeconômico consistente e de modernizar a formação universitária do país repensando a educação superior. “Os governos devem usar seu poder de compra para fomentar a inovação e o desenvolvimento local. Nós temos equipamentos, infraestrutura, competência e capacidade para fazer pesquisa tecnológica de ponta”, finalizou.
Fonte: ADUFEPE