Brasil vive momento decisivo que definirá futuro do país nas próximas décadas, afirma Pochmann no XXI Encontro Nacional do PROIFES

Na tarde desta sexta-feira (01), o PROIFES-Federação recebeu em seu XXI Encontro Nacional o presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Marcio Pochmann. Convidado a fazer uma conferência aos participantes do encontro, Pochmann analisou a atual conjuntura do Brasil, que definiu como um “momento importante de disputas que vão definir o futuro do país nas próximas décadas”. A mesa foi coordenada pelo presidente da Federação, Wellington Duarte, e pela presidenta do ADIFCE-Sindicato, Josi Abreu. O presidente do IBGE iniciou sua exposição apontando a compreensão da conjuntura como um problema. De acordo com ele, há duas linhas de raciocínio acerca dessa compreensão: de uma lado uma interpretação de que o Brasil vive um período histórico permeado de mudanças e de outro a de que esse mesmo período histórico tem sido considerado um período de mudanças que vem de fora, e sob as quais o Brasil não tem muita governabilidade. Para Pochmann, no entanto, para compreender o momento atual é preciso compreender que esta é a mudança de um período histórico. Traçando um panorama do país ao longo dos últimos séculos, o palestrante abordou questões como a organização do trabalho e sua relação com o Capital, envelhecimento populacional, avanços tecnológicos, controle de dados, detenção do conhecimento pelas grandes empresas, entre outros pontos. Marcio Pochmann afirmou que o que nós estamos vivendo hoje se equipara ao que vivemos na década de 1880, “no final do Século XIX havia um projeto de transformação da sociedade brasileira”, disse. Para ele, a diferença é que hoje temos “uma sociedade de serviços, hiperconectada, que avança de uma forma diferente do que avançava”, mas, apesar disso, “tentamos nos apoiar em práticas e políticas que deram certo no passado”, o que considera um erro. “O que está em curso no Brasil, desde o Regime Militar, é uma perspectiva inadequada que precisa ser superada”, afirmou. “Há um caminho equivocado que vem sendo conduzido, a alternativa é antissistema”. Para o presidente do IBGE, estamos em uma quadra em que pouco se tem a dizer sobre o futuro. “No passado havia um debate sobre o que o Brasil seria no futuro, isso nós não temos hoje, o país praticamente abandonou a ideia do planejamento, estamos ao sabor das emergências”. De acordo com o palestrante, é nesse cenário que a igreja ganhe dimensão. Com a desilusão, a massa busca Deus e a internet. “Futuro sem planejamento não é futuro, é destino. O papel do sindicato, do partido, das instituições é operar em algo que seja diferente do destino”. Pochmann alertou que há uma massa operante que está saindo do Capitalismo, buscando operar de outra maneira. “Para muitos jovens não é mais a universidade que vai dar futuro”, disse. “O que temos a dizer em um país em que a cada dois jovens que entram nas universidades federais, um sai? Em que vários cursos não têm suas vagas preenchidas? Qual o papel da educação em um mundo em que estamos arriscando voltar à Idade Média?”, provocou a plateia de educadores. “Só há uma coisa que nos impede de mudar, é o medo de fazer diferente. Um evento como esse ajuda a gente a afastar o medo, entender o passado, e ver que no passado outras gerações de brasileiros tomaram decisões difíceis, mas tomaram”, concluiu Marcio Pochmann. Ao final da exposição, os docentes tiveram a oportunidade de fazer perguntas ao palestrante, nas quais abordaram temas como o futuro político do Brasil, a expansão do ensino superior no país, a renovação do movimento sindical em uma sociedade envelhecida, e os desafios para as próximas eleições. A programação do XXI Encontro Nacional do PROIFES-Federação segue na tarde desta sexta-feira (01), com a discussão do Eixo 4 – Aposentadoria e Previdência: os desafios dos aposentados e um balanço da Funpresp.
Expansão da Ciência&Tecnologia como ferramenta para o desenvolvimento do país é colocada em debate no XXI Encontro Nacional

Na manhã desta sexta-feira (01) o XXI Encontro Nacional do PROIFES-Federação oportunizou aos(as) docentes a discussão: “Ciência e Tecnologia a serviço do desenvolvimento socioambiental sustentável e soberano do país”. O tema se refere ao segundo eixo temático do evento, que na ocasião foi mediado pelo diretor de ciência e tecnologia da entidade, Ênio Pontes, e pelo membro do Conselho Deliberativo, Dárlio Inácio. A mesa teve o objetivo de debater, avaliar e construir uma proposta conjunta entre convidados(as) e delegados(as) acerca do assunto para o desenvolvimento da educação pública brasileira. Participaram do debate a vice-presidenta do APUB-Sindicato, membra do Conselho Deliberativo e do GT de Ciência & Tecnologia da federação, Bárbara Coelho, o membro da diretoria de Programas e Bolsas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Luiz Antônio Pessan e o membro da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes) do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Inácio Arruda. Abrindo as discussões, Inácio Arruda trouxe um discurso acerca da atuação do ministério, no que se refere à distribuição dos recursos e planos de valorização da Ciência e Tecnologia do país. Além disso, o membro da Sedes reforçou a soberania brasileira, tendo em vista os últimos acontecimentos acerca da tentativa de intervenção americana na justiça e na economia do Brasil. Atrelado a isso, destacou que o XXI Encontro Nacional “é muito importante, porque mesmo diante de todas as dificuldades, o povo brasileiro alcançou a sua soberania”. O representante da CAPES, Luiz Antônio Pessan, por sua vez, apresentou dados quantitativos e qualitativos acerca das ações que a coordenação tem realizado para a expansão e consolidação da Pós-graduação Stricto Sensu no Brasil. Na ocasião, Luiz Antônio deu destaque para o significativo crescimento de bolsas de pesquisa para as instituições de ensino. Por outro lado, analisou sobre a dificuldade da formação de mestres e doutores(as) enfrentada no país como reflexo da ausência de valorização da educação pública superior. Ademais, o dirigente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior explanou algumas das próximas ações a serem desempenhadas pelo órgão: “Vamos realizar a ampliação das vagas ofertadas nos cursos da UAB; novos cursos de aperfeiçoamento e extensão pela UAB; ampliação das vagas de mestrado para formação de professores da Educação Básica – PROES. Além disso, vamos traçar novas ações estratégicas”. Ênio Pontes apresentou o texto que se refere à proposta a ser incluída no documento final do Encontro e abriu espaço para intervenções dos delegados e das delegadas presentes. Ênio reforçou o debate da mesa e destacou que “as contribuições apresentadas auxiliam no avanço não só da Ciência e Tecnologia, mas também do movimento sindical docente”. Como parte das intervenções, o diretor de comunicação do PROIFES, Jailson Alves, reforçou a importância de se ter um debate sobre ciência e tecnologia dentro do movimento sindical, apontando o protagonismo do PROIFES na discussão da pauta. Jailson destacou ainda a necessidade de mais equidade na distribuição de bolsas, tanto em relação ao território: maior concentração no Sul e Sudeste, quanto à concentração por gênero (homens) e raça (brancos), e a questão do baixo número de patentes registradas no Brasil.