1º de maio: PROIFES-Federação destaca desafios do trabalho docente

Primeiro de Maio, uma data que os trabalhadores e trabalhadoras das universidades e institutos federais encaram com certa desconfiança. Afinal, o mundo do trabalho em constante transformação não tem gerado impactos positivos em todas as esferas da sociedade. A Revolução Tecnológica, ou Quarta Revolução Industrial, tem aprofundado desigualdades sociais, concentrado renda, gerado crescente instabilidade política e sinalizado o enfraquecimento da esfera pública. Nesse cenário, o trabalho de professoras e professores tem sido confrontado por uma onda sem precedentes de regressão civilizatória que, além de distorcer e deformar a essência do papel docente na sociedade, especialmente no ensino público superior, enfrenta também a crescente precarização das estruturas materiais de trabalho e das formas de organização das IFES, afetando diretamente sua capacidade laborativa. Sob a lógica de mercado, pautada pela acumulação de capital, docentes são atingidos por múltiplas formas de precarização. São instigados a se tornarem “produtores científicos”, trabalhando de forma febril para apresentar resultados respeitados pela comunidade acadêmica e aproveitados pelo mercado. Sem a segurança de uma estabilidade laboral — permanentemente sob ameaça —, com um futuro incerto, já que as expectativas de aposentadoria desde 2013 estão atreladas ao desempenho do mercado financeiro, e com um ambiente de trabalho que molda o novo docente como uma espécie robinsoniana de engrenagem produtiva, impõe-se uma lógica perversa: a busca incessante por resultados. Essa lógica competitiva, muitas vezes estimulada por gestores sedentos por recursos, tem produzido uma “divisão do trabalho” dentro das IFES, separando silenciosamente um “setor produtivo” de um “setor improdutivo”. Do ponto de vista do trabalho docente, a automatização faz com que a distinção entre horas de aula, pesquisa, extensão, avaliação e gestão se torne confusa. Essas atividades se diluem sob a pressão de prazos de editais, relatórios de desempenho, compromissos com agências de fomento e plataformas digitais de controle. A intensificação do trabalho obscurece, em alguma medida, o ethos civilizatório da docência, submetendo-o a um individualismo exacerbado. Nesse contexto, as entidades representativas da categoria enfrentam o desafio de defender os direitos docentes em um ambiente cada vez mais precarizado. Além disso, precisam atuar em um novo campo de luta: o espaço parlamentar, onde é necessário buscar recursos orçamentários para conter o sucateamento das estruturas do trabalho docente. O grande desafio é ter capacidade política e organizacional para enfrentar essa nova etapa das relações de trabalho. Isso exige uma mudança qualitativa nas formas de organização, na definição de táticas e estratégias de enfrentamento que contribuam para melhorar o ambiente de trabalho e garantir que o(a) docente continue sendo um agente ativo no processo de desenvolvimento econômico e sustentável do país. O PROIFES-Federação, por conseguinte, saúda o Dia Internacional do Trabalhador e da Trabalhadora e se coloca, de forma firme, ao lado de professoras e professores na defesa do trabalho docente, do ambiente de trabalho e da democracia.