Do local ao global: a educação pública e seus desafios hoje
Emprego, salário, perspectivas e desafios da educação pública no atual contexto global e latino-americano de adversidade social, política e econômica. Durante dois dias, 29 e 30 de outubro, educadores, sindicalistas e representantes de instituições educacionais de onze países, incluindo o Brasil, estão no Ceará participando do Seminário Internacional da Educação. O PROIFES-Federação está presente no seminário representado pelo diretor de políticas educacionais, Carlos Alberto Marques; pela diretora de direitos humanos, Rosangela Oliveira; pelo diretor de ciência e tecnologia, Ênio Pontes; pelo diretor de assuntos educacionais do magistério superior, Geci Silva; pela segunda secretária, Adnilra Sandeski; e pelos integrantes do Conselho Deliberativo, Dárlio Teixeira, Lúcio Olímpio, Guilherme Sachs, Geovana Reis e Isaura Brandão. Com foco em estratégias de fortalecimento da educação pública, o evento trouxe para a mesa de debates, já na abertura, temas como inclusão, políticas de valorização docente, conquistas e desafios, nas falas de representantes da Alemanha, Angola, Estados Unidos, Costa Rica, Guiné-Bissau, Portugal, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Uruguai, Argentina e Brasil. Além dos debates, o seminário foi enriquecido por uma apresentação cultural de estudantes africanos da Unilab, que cantaram e dançaram, trazendo ao evento a alegria e o ritmo da cultura africana, marcando um momento de celebração da diversidade e das conexões culturais. “Este é o nosso momento. Fortalecer a organização sindical e promover a solidariedade entre educadores ao redor do mundo são ações cruciais para transformar a educação e a sociedade como um todo”, afirmou David Edwards, secretário-geral da Internacional da Educação. Na América Latina, o impacto da extrema-direita sobre os direitos dos trabalhadores da educação, quando a “região está passando por momentos muito difíceis”, foi lembrado por Sonia Alesso, presidenta da Internacional da Educação para a América Latina. Alesso destacou que, em seu país, a Argentina, os direitos conquistados foram suspensos pelo atual governo de direita. “E, em muitos outros países, há repressão, perseguição ao movimento sindical e ameaças de assassinato a líderes sindicais e sociais, onde a extrema-direita ataca cada um dos nossos direitos e conquistas”, disse. “Educação é investimento, não gasto. Quando há retrocessos, os direitos e avanços dos últimos anos podem ser facilmente ameaçados”, afirmou o secretário-executivo do MEC, Leonardo Barchini. Ele defendeu a necessidade de lutar pela valorização dos educadores, destacando ainda a importância de um investimento contínuo em educação integral e no bem-estar e saúde mental dos profissionais de ensino. Em um discurso marcado pela admiração à América Latina, Mugwena Mululeke, presidente da Internacional da Educação, elogiou a liderança e resiliência da região, referindo-se ao continente como um exemplo de diversidade cultural e social no ambiente educacional. “Nossa jornada é de resiliência e determinação inabaláveis. Nossas salas de aula refletem o mosaico de diferentes origens e perspectivas, e isso é nossa força. Mas é preciso avançar mais e combater as desigualdades que afetam a educação de nossas populações indígenas e afrodescendentes”, declarou. Meio Ambiente Mugwena também falou sobre a importância de incorporar a educação ambiental, trazendo o meio ambiente para o centro das discussões. Sonia Alesso defendeu um movimento sindical que reforce nossos direitos e preserve o meio ambiente, que está cada vez mais ameaçado por catástrofes climáticas. Ela ressaltou que o movimento sindical deve continuar a lutar por uma América Latina sustentável e em paz, defendendo os bens comuns e investindo em políticas educacionais que promovam um futuro mais verde. Alesso falou também da urgência de atrair novas gerações para o movimento sindical, apostando no engajamento dos jovens professores. Organização sindical David Edwards, secretário-geral da Internacional da Educação, chamou a atenção para a escassez de professores e a urgência em proteger os direitos dos educadores, especialmente em um mundo marcado pela crescente desigualdade. Segundo ele, a única forma de assegurar o futuro da educação é fortalecer a organização sindical e garantir que todos os trabalhadores do setor tenham suas vozes ouvidas. “Precisamos pressionar contra as guerras e apoiar nossos colegas ao redor do mundo. Hoje, temos 33 milhões de professores em cada canto do planeta, cada um comprometido com valores de solidariedade e justiça social”, afirmou. Ele agradeceu ao Brasil pela acolhida e pelo histórico de apoio ao movimento sindical. Destacou a relevância da união entre educadores ao redor do mundo, especialmente na defesa dos direitos trabalhistas e da paz. Ao final, anunciou que as demandas e perspectivas discutidas no Seminário da Internacional da Educação serão levadas ao G20 e à UNESCO, como forma de consolidar as resoluções para enfrentar os desafios da educação básica, crise ambiental e privatização. Fonte: CNTE
Capes busca mais orçamento para ampliar bolsas de pós-graduação
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) busca uma suplementação orçamentária para aumentar a quantidade e o valor das bolsas de pós-graduação no Brasil em 2025. Segundo a presidente da Capes, Denise Pires de Carvalho, seria necessário até R$ 500 milhões a mais no orçamento da fundação. “No ano que vem, 2025, estamos prevendo, espero que o orçamento permita, mas é a intenção do ministro Camilo Santana, do presidente Lula, é a nossa intenção, não só o aumento do reajuste nacional, mas também internacional e o aumento do número de bolsas”, disse Denise, em entrevista à imprensa durante as reuniões de educação no âmbito do G20, em Fortaleza. Em 2023, o governo fez um ajuste nas bolsas, após dez anos sem que isso fosse feito. As bolsas de mestrado e doutorado, tiveram um reajuste de 40%. No mestrado, o valor passou de R$ 1,5 mil para R$ 2,1 mil. No doutorado, de R$ 2,2 mil para R$ 3,1 mil. As bolsas de pós-doutorado tiveram um acréscimo de 25%, passando de R$ 4,1 mil para R$ 5,2 mil. O reajuste e o aumento no número de bolsas é demanda do setor. Em abaixo-assinado, a Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), demonstra que, mesmo reajustados, os valores já estão defasados. A associação também chama atenção para o risco de futuros contingenciamentos. “O orçamento previsto para 2025, sob o Novo Arcabouço Fiscal, não tem espaço para um novo reajuste das bolsas, o que reforça a urgência de uma ação coletiva para pressionar os parlamentares a priorizarem os recursos destinados às agências de fomento”, diz o texto. “Reajustar as bolsas de estudos, vinculando-as a um mecanismo de correção anual, e aumentar o número de concessões é o primeiro passo para garantir que o Brasil forme mestres e doutores capacitados a contribuir para o avanço da CT&I [Ciência, Tecnologia e Inovação]”, acrescenta. Segundo Denise Carvalho, agora, passadas as eleições municipais, a Fundação tentará incidir sobre o Congresso Nacional para garantir os recursos necessários em 2025. Mesmo com o cenário de contingenciamento, ela acredita que o setor da educação será preservado. “Eu vou repetir o que o presidente Lula diz: quando nós falamos de educação, ciência e tecnologia, não é gasto, é investimento. Então, se o relator do orçamento enviar esse recurso, eu tenho certeza que o presidente Lula não vai retirar o recurso do Ministério da Educação, nem o ministro [da Fazenda] Fernando Haddad e o ministro [da Educação] Camilo Santana”, disse. Pós-graduação no exterior A presidente da Capes ressaltou que o Brasil tem buscado cada vez mais a internacionalização, seja enviando pesquisadores para outros países, seja trazendo bolsistas estrangeiros para desenvolver pesquisas. Atualmente, a Capes mantém 9 mil bolsas no exterior. Até 2023, segundo a presidente, eram 6,7 mil. A Capes irá conceder 1.670 bolsas a estrangeiros da América Latina e Caribe para que desenvolvam pesquisas no Brasil a partir de 2025. “Quando a gente pensa em internacionalizar a ciência brasileira, é muito importante que haja mobilidade do cientista brasileiro para o exterior, mas também que cientistas do exterior venham para o Brasil”, defendeu. “A chegada desses estudantes faz com que a cooperação entre os grupos de pesquisa se estabeleçam e perpetuem”. A presidente participa de reuniões bilaterais no âmbito do G20, onde discute formas de cooperação. “Nós precisamos ampliar a cooperação, principalmente com a Turquia, com a África do Sul. Há países do G20, como a Índia e a Austrália, com os quais nós ainda cooperamos pouco. Nós precisamos trazer também uma maior cooperação com esses outros países do G20. Nós cooperamos muito mais, por uma questão histórica, com países da Europa e com os Estados Unidos e Canadá”, enfatizou. G20 O Grupo dos Vinte (G20) é o principal fórum de cooperação econômica internacional. É composto por Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, República da Coreia, México, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos, além da União Europeia. Os membros do G20 representam cerca de 85% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos por um país) global, mais de 75% do comércio global e cerca de dois terços da população mundial. A partir desta terça-feira (29), Fortaleza recebe autoridades de diversos países para discutir educação. A capital cearense sedia reuniões no no âmbito do G20, tanto a última etapa do Grupo de Trabalho (GT) de Educação, quanto a Ministerial de Educação do G20, além da Reunião Global de Educação (GEM) 2024. Fonte: Agência Brasil
Docentes comemoram liberação do ponto eletrônico para a carreira do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT)
Na última quarta-feira (23), o PROIFES-Federação, entidade a qual o ADURN-Sindicato é filiado, alcançou uma vitória histórica para a carreira do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT) com a assinatura da liberação do ponto eletrônico para esses docentes pela Ministra da Gestão e Inovação, Esther Dweck. Agora, o processo aguarda a oficialização pela Casa Civil. A notícia foi confirmada durante a instalação do Grupo de Trabalho para Magistério Superior e EBTT, atendendo aos Termos de Acordo nº 7/2024 e seu aditivo, assinados em maio pelo PROIFES. A luta pela dispensa do controle de ponto eletrônico para a carreira EBTT é uma reivindicação defendida pela Federação e seus sindicatos desde 2015. Sobre isso, o professor Romeu Bezerra, Diretor de Assuntos Educacionais do EBTT do PROIFES-Federação, destacou: “Inicialmente, é preciso dizer que a carreira EBTT é o resultado de um acordo assinado pelo PROIFES-Federação com o governo em 2012, que gerou a lei 12.772, é essa lei que agora no acordo recente foi reestruturada. No tocante à liberação do controle de frequência para o magistério EBTT, é importante destacar que essa é uma conquista do país, que se estende desde 2015, quando o PROIFES assinou o acordo de Nº 19 de 2015, onde naquele momento já se estabelecia que o ponto do EBTT seria igualado ao do Magistério Superior”. Além da suspensão do ponto eletrônico, foi confirmada a recomposição do Conselho Permanente de Reconhecimento de Saberes e Competências (CPRSC), incluindo o PROIFES como representante dos professores EBTT. A decisão visa sanar pendências na implementação do processo de Reconhecimento de Saberes e Competências (RSC) em diversas instituições. Na sexta-feira (25), o secretário de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação, Marcelo Bregagnoli, anunciou que o Ministro Camilo Santana já assinou o decreto, que agora aguarda o aval do presidente na Casa Civil para a publicação. A vice-presidenta do ADURN-Sindicato e docente EBTT, Isaura Brandão, ressaltou a importância da conquista para a categoria. “Essa conquista impacta especialmente a realidade dos docentes EBTT em Institutos Federais e universidades, que compartilham o mesmo plano de cargos, carreiras e salários com o Magistério Superior, mas que até então enfrentavam distinções quanto ao controle de frequência”, disse. Isaura também ressaltou que, embora as carreiras do EBTT e do Magistério Superior tenham diferenças nas práticas de ensino, o ingresso e os direitos dos professores são equivalentes, o que fundamenta a equiparação na gestão de frequência e jornada de trabalho. “A decisão representa um marco para a categoria e fortalece o reconhecimento das especificidades e desafios enfrentados pelos docentes do EBTT em todo o país, reforçando os compromissos firmados entre o PROIFES-Federação e o governo federal desde 2015”, concluiu. Fonte: ADURN Sindicato